Ouçam elas: Policiais penais falam sobre desafios da mulher que trabalha no sistema penitenciário do Paraná

Publicado em 07/03/2020



O déficit no efetivo de servidoras nas unidades prisionais, as condições precárias de estrutura e a falta de segurança no trabalho são alguns dos problemas já apontados pelas policiais penais femininas do Paraná em diversas ocasiões. Além destes, o ambiente predominantemente masculino se apresenta como desafio diário para as servidoras que ainda convivem com o machismo em situações cotidianas. Entre os desafios e o orgulho da profissão, no Dia Internacional da Mulher, é fundamental ouvir as trabalhadoras para refletir sobre se elas vêm sendo ouvidas e respeitadas em seus espaços de trabalho.  

Para a policial penal Abilene Conte, da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), um dos maiores desafios da mulher dentro do sistema é lutar contra o machismo. “Vem camuflado de piadinhas e o assédio muitas vezes acobertado pelo poder. Temos que todos os dias impor limites e respeito”, diz. Da mesma opinião, a policial penal Suzana Backes, da Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC), diz que ser mulher num universo masculino exige, além dos desafios da profissão, também o de se posicionar. “Para conseguirmos ser aceitas executando a profissão de policial penais, com nossas fragilidades e diferenças, é preciso posicionamento. É o que está posto desde o primeiro dia do meu trabalho.”

Em pesquisa realizada pelo SINDARSPEN, por ocasião do “I Encontro Estadual das Agentes Penitenciárias do Paraná”, realizado em 2018, 48% das delas disseram que já se sentiram diminuídas pelas suas chefias exclusivamente por serem mulheres. E, 75% destacaram que há pouca representatividade das servidoras nos espaços de chefia. Após o Encontro, as demandas levantadas foram levadas ao Departamento Penitenciário do Paraná (DEPEN-PR),  e algumas mudanças aconteceram. As duas unidades femininas do Paraná, por exemplo, passaram por mudança em suas direções e, atualmente, têm policiais penais em todos os espaços de chefia, inclusive, na direção. A agente Cláudia Grignet Fardoski Souto dirige a Penitenciária Estadual Feminina de Foz de Iguaçu (PFF-UP) e a agente Alessandra Antunes a Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), fato inédito até então.

Na avaliação da diretora para Assuntos da Mulher do Sindicato dos Policiais Penais  do Paraná, Silvana Moreira, há conquistas, mas muito ainda a ser respondido pelo Governo do Paraná.  Ela diz que apesar de todas as demandas já terem sido levadas ao DEPEN, pouco se avançou. “Temos duas unidades prisionais femininas de referência, em Foz de Iguaçu e Piraquara, que estão em condições precárias. Prédios antigos e a estrutura péssima. Há um nível de adoecimento crescente das policiais penais femininas que lá trabalham, decorrente da sobrecarga e falta de efetivo. Fazemos um pedido para que o DEPEN olhe, de fato, para as unidades femininas.”

As questões apontadas pelas agentes durante o I Encontro Estadual levou o Sindicato da categoria a incluir o respeito às especificidades de gênero na proposta de regulamentação da atividade do policial penal e no plano de carreira que estão em debate com o governo.

Orgulho da profissão

Apesar de todos os problemas, as policiais penais falam com orgulho da importância das mulheres no sistema penitenciário paranaense. A aposentada Dejanira Veloso, lembra que em seus anos de trabalho, aprendeu a dizer não com bondade. “Era eu e o preso ou presa reclusos num mesmo ambiente. Tive que aprender dizer não, sem perder a autoridade, mas com bondade. Tenho orgulho do legado que deixei.” Para Nádia Dias de Oliveira Gomes, da Casa de Custódia de Londrina (CCL), “a sensibilidade e a firmeza, características marcantes nas mulheres, contribuem para alcançar nosso objetivo de fazer o sistema funcionar”.

Já para a policial penail da Colônia Penal Industrial de Maringá (CPIM), Simone Sakakibara da Cruz, as mulheres são muito importantes para o trabalho de ressocialização dos presos. “Contribuímos muito para tornar o ambiente prisional menos hostil e, somos essenciais para ressocializar os presos,” destaca.

Atualmente no Paraná, são mais de 260 policiais femininas trabalhando nas unidades prisionais, tanto femininas quanto masculinas.

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